Desidera

Vens perdido no espaço desta vida tua,
Cavalgando teus sonhos que não são quimeras.
Olha o céu, olha o sol, à noite avista a lua:
esta aqui não é como a terra que quiseras

Fosse, ao longo do cosmo no mar da doçura.
Esta tez carregada, que se faz na lembrança
Da jornada que cruzas com doce amargura.
Esta angústia serena que ao peito se lança...

Terra minha adorada mas que não conheço.
Moribunda tu vives em triste agonia.
Tuas glórias vividas em vãos endereços,
Dormem loucas, na mente da minha alegria.

Luas da minha terra, sóis deste meu país.
Não se apaguem assim, sem que meus olhos vejam
os vales que cortam este teu seio gris.
Acorda, suspira o que te resta e espera:

A vida há de volver um dia.
Um dia há de morrer a tua louca agonia.
Um dia há de acabar esta jornada fria.
Que rumas sem rumo, rumo à fantasia,

Dos teus loucos sonhos de quimera.
Sossega um pouco. Senta. Faz paragem.
Doura um sorriso nesta tez e espera.
Encosta a nave desta vã viagem.

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